07/03/2006

mais uma fuga
por entre estes prédios em chamas
cinzentos pele sem coração
criações inacabadas sem rosto.
mais uma fuga sem sentido
medos, receios infundados
acabados sob o primeiro passo
que raramente se dá.
e os que se dão levam a um
caminho difícil. o do não!
o de voltar atrás, a casa,
ao ventre, ao da proteção da solidão.
mais uma fuga em direcção
ao orgulho de não dizer
porque preciso de ti,
não por necessidade,
mas por gostar.
mais uma fuga
porque o gostar ou o amar é
segredo, é íntimo e só faz sentido a um.
mais uma fuga
porque a dois é uma chama,
que alguém dizia, não ter mais
lenha por onde arder.
e que se começa a extinguir
ao primeiro toque.
mais uma fuga
pelo evitar do primeiro toque,
do primeiro beijo, da primeira palavra
e da avalanche de todas as outras
que não se seguirão.
mais uma fuga
que eu nasci para fugas de mim,
e as minhas fugas são persiguições
às fugas de mim
até me alcançar sozinho ao entrar pela
porta de casa.

Sem comentários: