21/04/2007


espero encontrar-me, puro e selvagem
quando me despojar dos amigos,
quando me esquecer dos vizinhos
e dos seus silêncios infinitos
enjaulados em caixas como a minha
espero encontrar-me, puro e selvagem
quando me libertar desta cidade cinzenta
onde impera o terror da solidão urbana
que me impõe a companhia duma mesa vazia
e a raiva crescente em gritos escritos
espero encontrar-me, puro e selvagem
na vã tentativa de ser eu, apenas eu
sem representações, mentiras ou omissões
e mesmo assim não estar sozinho