03/06/2008


não te vejo desde fevereiro
e agora que junho
me rouba de mim,
rouba-me os dias o pensamento
e deixa-me a sonhar
acordado todo o tempo
só a sonhar contigo
só a pensar em ti
e vejo-me a salvar-te do fogo
e a sacrificar esta minha
mísera existência
para salvar a tua
como derradeira forma
de te mostrar
quanto gosto de ti.
e só depois de me veres
salvar-te das chamas
e ver-me perecer
te darias conta que poderias
ter gostado de mim.
e acordo de estar acordado
e sinto-me enlouquecer
por em tantos meses
não me dares uma hipótese
de poder saber de ti.
e sinto-me enlouquecer
sempre que entro no café
e ter que ver a tela
que pintei para ti
a envelhecer a parede
numa infrutífera espera.
e sinto-me enlouquecer
a envelhecer com a tela
num esquecido café
numa inútil espera.
e sinto-me enlouquecer
por finalmente perceber
que no céu quase vazio
eras a única estrela
e agora que o céu negro
que de tão oco murchou
perdi a noção de cor
e já não o sei pintalgar
com outros brilhantes
que me dêem paixão.
e sinto-me enlouquecer,
a envelhecer
por já nem saber
o que é isso de paixão
e a que saberá.
sinto-me enlouquecer,
a envelhecer
por não te esquecer,
seguir em frente e viver.

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