03/06/2008


afundo-me na inércia
para não ter que mudar
para que nada abale
a certeza de acordar
no ritmo do deixa andar
no viver duma vida fútil
a consumir o bem inútil
até me sentir despertar

e todos os dias me ouço:
vou mudar! vou mudar!
e todos os dias me esqueço
e deixo andar, deixo andar

a respirar a rotina
a surdina de trabalhar
para que nada abale
a ilusão de bem estar
que me amarra os sonhos
e me consome o tempo
até me sentir acordar
num oco desalento

e todos os dias me ouço:
vou mudar! vou mudar!
e todos os dias me esqueço
e deixo andar, deixo andar.

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