quantas vezes, minha doce amiga, cravaste as mãos nessa almofada
húmida de água salgada
quantas vezes, minha doce amada, cravaste as unhas nessa almofada
húmida de saliva adocicada
quantas vezes, minha doce guerreira, calaste as raivas nessa almofada,
mordeste as palavras para não bater.
e agora vejo-te fugir entre mágoas, raivas, e insinuações de vingança.
puxa desse caderno, minha velha amiga, minha velha amada, e escreve
quantas vezes nessa almofada esqueceste de amar.
escreve quantas vezes perdoaste as fugas, as lutas, as curas de solidão.
escreve quantas vezes não me ensinaste a amar.
escreve quantas vezes não te soube amar.
escreve. faz as contas de subtrair e somar.
escreve que eu também tenho uma almofada
e quantas vezes...
25/02/2006
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